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Minicurso 01 - AS CASTAS NA ÍNDIA ANTIGA: mitificação, desmistificação e racionalidade das liberdades e direitos sociais no mundo mágico hinduísta

(Prof. Dr. Arilson Silva de Oliveira)

Na tentativa de sanar informações modernas e recheadas de exotismos diversos em torno das religiões indianas (principalmente do hinduísmo), propõe-se o presente minicurso, tendo como objetivo uma análise historiográfica e sociológica da indologia weberiana, assim como de suas inquietações eminentes. Tais inquietações serão “olhadas” pelo viés de “crenças” sem crenças, transvaloração dos valores humanos (Nietzsche), ímpares visões de mundo e impulsos de espíritos livres que, quase sempre, incomodam os valores ocidentais. Para tanto, discutir-se-á a diferenciação das camadas portadoras nas castas e seus valores culturais e educacionais, buscando-se entender os mitos e suas motivações sociais, as inteligências múltiplas presentes nas castas, a posição central da mulher nos ritos e na sociedade, o erotismo de Deuses e humanos (Kamasutra, homossexualidade, androginia etc.), bem como o valor social e mágico dos animais e do vegetarianismo. E, tudo isso, numa tentativa comparativa com a herança do crer e ver ocidental, mas focando-se no imaginário do próprio hinduísta. Ter-se-á como base algumas pesquisas in loco, análises de Mircea Eliade e conjecturas sócio-históricas de Max Weber, suas premissas e seus pressupostos teóricos. Weber, por exemplo, delimita a racionalidade indiana como original, tendo como efeito social uma diversidade de ideias permissivas e coexistentes, sejam elas eróticas, mágicas ou intelectuais. Enfatiza o pensador alemão que tal cultura religiosa, assim como seu estrato social, surgira sobre o substrato de uma poderosa tendência ao intelectualismo. E sua expressão “poderosa tendência ao intelectualismo”, somada às suas conclusões indológicas, desarma muitas teorias do XIX sobre a cultura da Índia antiga e abre um leque de discussões maior do que provocara o movimento romântico, Schopenhauer e Nietzsche juntos, uma vez que a tolerância religiosa e filosófica, bem como a posição da mulher e dos animais foi, em todo caso, “infinitamente maior que em qualquer parte do Ocidente antes da Idade contemporânea”, como em nenhum outro lugar ou cultura, complementará Weber, em seu Die Wirtschaftsethik der Weltreligionen: Hinduismus und Buddhismus. E as ideias cognitivas de Weber ainda se abrem para planar mais uma vez na Índia, quando aponta que tal tolerância religiosa e social ali presente nada deve ou assemelha-se ao que é especificamente moderno ou ocidental, ao ponto que na Índia “reinou por longos períodos com uma abrangência tal [...] que jamais se viu em parte alguma do mundo nos séculos XVI e XVII, e muito menos nas regiões onde o puritanismo era dominante”. Pois, o que caracteriza o Ocidente moderno, conclui, “é precisamente a intolerância religiosa”, uma vez que “a tolerância como tal com certeza não tem nada a ver com o capitalismo”.

Minicurso 02 - CIDADE, MONUMENTO E IMPRENSA: possibilidades e problemáticas da pesquisa histórica

(Profa. Dtrand. Tatiane Vieira da Silva)

O advento do campo de pesquisa da História Cultural, entre aproximações e distanciamentos com outras ciências, expandiu os objetos passíveis de estudo histórico. Por sua vez, a cidade deixou de ser vista apenas pelo âmbito econômico e social e passou a ser problematizada nos demais aspectos. A pesquisa sobre a cidade se revela bastante pertinente, na medida em que permite ao historiador, por exemplo, revelar as variadas formas de apropriação e os usos sociais e/ou políticos dos espaços. Assim, estudar os monumentos que compõem os espaços públicos citadinos é uma possibilidade para a realização de uma leitura sobre a cidade. Pois, eles suscitam histórias e memórias que marcam os sentidos e as experiências dos sujeitos que circulam pelos diferentes espaços da urbe. Promovem diferentes olhares sobre o urbano e contribuem para a produção do conhecimento histórico. Nesse sentido, o minicurso se propõe a tratar das possibilidades e problemáticas da pesquisa histórica sobre a cidade e seus monumentos, a partir dos jornais e revistas. A imprensa, seja como fonte ou como objeto de investigação, é uma das temáticas amplamente utilizadas pelos historiadores. Portanto, faremos uma discussão teórico-metodológica envolvendo a pesquisa nesse campo de estudo. Além dos periódicos, apresentaremos as fontes documentais que podem ser utilizadas e as temáticas que podem ser abordadas e traçaremos um esboço das pesquisas já realizadas.

Minicurso 03 - A IMPRENSA NOS CONFINS DO BRASIL E SUAS POSSIBILIDADES DE PESQUISA EM HISTÓRIA

(Profa. Ma. Noemia Dayana de Oliveira / Profa. Ma. Rosenilda Ramalho)

A imprensa vem possibilitando considerável arcabouço de fontes para a pesquisa histórica, especificamente as publicações que circularam entre fins do século XIX e início do século XX, período em que o Brasil experienciava mudanças oriundas da transição do governo imperial para o republicano. Com o intuito de contribuir para o estudo da imprensa, o presente minicurso pretende abordar periódicos que circularam durante este período nos sertões, tais como A Fôlha e A Voz da Religião no Cariri, problematizando o papel da imprensa local como agente de um jogo político-religioso em um processo de (re)construção social. No mais, abordaremos, inicialmente, o jornal como fonte histórica através dos pressupostos metodológicos defendidos por Tania Luca (2008); em seguida, nos debruçaremos sobre a circulação dos projetos de modernidade nos periódicos sertanejos supracitados, a partir do diálogo com Nicolau Sevcenko (1999) e Elias Tomé Saliba (2009); e, por fim, apresentaremos possibilidades temáticas em A Fôlha e A Voz da Religião no Cariri.

Minicurso 04 - ENTRE CARTAS E JORNAIS: abordagens de documentos públicos e privados para escrita da História

(Prof. Me. Luiz Mário Dantas Burity / Profa. Ma. Thayná Cavalcanti Peixoto)

Você publicaria no jornal o que contou para um amigo? A modernidade acentuou o contraste entre os espaços e as relações públicas e privadas. Conforme Jürgen Habermas, o desenvolvimento dos métodos de impressão e o aperfeiçoamento da imprensa fizeram parte do processo de alargamento da esfera privada. Foi se tornando cada vez mais corriqueira a circulação de livros, revistas e principalmente jornais, cuja periodicidade variava entre diários, hebdomadários etc. Enquanto isso, as pessoas passaram a se perceber enquanto indivíduos – dotados de uma subjetividade particular, a qual tornava a sua experiência única no mundo. E, dessa forma, outros materiais se tornaram mais comuns no cotidiano dessa sociedade ocidental cada vez mais letrada, em particular as cartas, os telegramas e os diários, mas também outros suportes como os álbuns de fotografias, as coleções de objetos e os arquivos privados de maneira mais geral. O objetivo desse minicurso é discutir as possibilidades teórico-metodológicas para pensar esses documentos feitos para o espaço público e para o espaço privado na modernidade. Isso implica em discutir, como ensina Roger Chartier, os universos da produção, circulação e recepção desses materiais. Entenda-se por produção não apenas o universo do autor e seu processo criativo, mas também o processo de edição e o trabalho dos intelectuais mediadores que se ocupam dessa função. A circulação nos interessa particularmente, na medida em que são os seus destinatários e públicos que caracterizam as suas diferenças. A recepção, por sua vez, é um mundo à parte, na medida em que implica em uma comunicação entre as subjetividades de quem escreve e de quem lê, sendo válido pensar se há limites de interpretação daquilo que foi dito. Também não podemos perder de vista que não só a documentação pessoal, mas também determinados estratos da documentação feita para o espaço público, guardam consigo a intenção do sujeito que a construiu de representar a si mesmo – fazer uma escrita de si, conforme Ângela de Castro Gomes – o que implica em pensar na maneira como ele gostaria de se fazer entender ou de ser lembrado pelo outro. A proposta metodológica do minicurso é intercalar uma aula expositiva dialogada com a realização de oficinas com fontes documentais, nas quais esses contrastes devem ficar mais evidentes.

Minicurso 05 - CULTURA POLÍTICA E CULTURA POLÍTICA BRASILEIRA: SUAS APLICABILIDADES NA PESQUISA HISTÓRICA

(Prof. Me. Dmitri da Silva Bichara Sobreira / Profa. Ma. Maria Tereza Dantas Bezerra Soares)

Este minicurso se propõe a discutir os conceitos de cultura política e cultura política brasileira e sua aplicabilidade na pesquisa histórica no Brasil. Ao longo das décadas de 1980 e 1990, o conceito de cultura política ganhou espaço nos debates acadêmicos debruçados sobre as relações de poder nas sociedades, um fenômeno orientado pela ascensão do paradigma culturalista. Buscando recolocar o debate sobre a política e o político nas principais fileiras da pesquisa histórica, os historiadores passaram a dialogar com antropólogos e cientistas sociais e políticos no intuito de encontrar um conceito que fornecesse suporte para se enxergar o poder para além de perspectivas tradicionais e elitistas, ou voltadas exclusivamente para o âmbito das estruturas sociais. A cultura política, sob seu viés pluralista e não hierarquizante, fornecia suporte para o historiador enxergar como práticas, tradições, imaginários e representações políticas variadas agiam nas esferas de poder dentro de uma sociedade. Discutido por historiadores europeus e norte-americanos, logo o conceito de cultura política passou a ser incorporado nas pesquisas de História do Brasil, e novos debates surgiram, especialmente em relação ao seu uso nas experiências brasileiras. Neste minicurso, discutiremos a viabilidade do conceito para definir e interpretar os fenômenos políticos nacionais; a aplicabilidade das principais culturas políticas ocidentais (socialista, liberal, conservadora etc.) na realidade brasileira; bem como a existência de uma cultura política brasileira – um conceito dotado de diversas características e interpretações que contribuem para a orientação de pesquisas acerca das relações de poder estabelecidas no país. Diante do exposto, acreditamos serem necessários espaços para trabalhar e discutir um conceito que vem sendo amplamente utilizado por pesquisadores, sobretudo aqueles ainda em formação, intencionados em contribuir na compreensão da política e das relações de poder no Brasil. Ao mesmo tempo, não é intenção desse minicurso definir de forma exata a maneira pelas quais pesquisadores da área de História devam utilizar o conceito – esses, nas Ciências Humanas e Sociais, são polissémicos, não podendo ser engessados ou delimitados a uma única interpretação. O objetivo é discutir, junto a pesquisadores dos mais diversos níveis acadêmicos, referências que abordem o conceito de cultura política e cultura política brasileira, bem como pesquisas acadêmicas que interpretem objetos de pesquisa por meio do conceito de cultura política e da cultura política brasileira.

Minicurso 06 - MARXISMO & FEMINISMO

(Prof. Dr. José Luciano de Queiroz Aires)

A proposta de Minicurso intitulado Marxismo & Feminismo tem por objetivo fazer uma discussão teórico-metodológica sobre as relações entre a exploração de classe e a opressão de gênero desde o final do século XIX até a contemporaneidade, ao mesmo tempo em que busca articular teoria e prática política no sentido de construção de um projeto político englobante de emancipação da maioria da humanidade. O curso será ministrado com base em uma bibliografia de autoras do feminismo socialista e também com autoras de outras vertentes teóricas como contraponto do debate, a exemplo do feminismo pós-estruturalista.

Minicurso 07 - APONTAMENTOS PARA O ESTUDO DA PARAÍBA DO SÉCULO XIX: Historiografia, Patrimônio Documental e Possibilidades de Pesquisa e Ensino

(Prof. Me. George Henrique de Vasconcelos Gomes / Prof. Me. Giuseppe Emmanuel Lyra Filho)

Os estudos e trabalhos sobre as mais variadas temáticas envolvendo o século XIX na Paraíba ganharam força nos últimos vinte anos. Com a institucionalização das pesquisas históricas, acompanhadas pela criação dos Programas de Pós-Graduação e ampliação de acesso ao Ensino Superior, abriram-se possibilidades para estudantes que desejam pesquisar assuntos relacionados à Paraíba Oitocentista e suas múltiplas facetas. É nos inserindo nesse processo que pretendemos oferecer um minicurso que tem como objetivo principal apresentar a Paraíba no século XIX a partir de três aspectos específicos: a historiografia paraibana sobre o século XIX, as principais fontes documentais utilizadas para se estudar essa temática, inseridas na ideia de Patrimônio Documental, e as possibilidades de trabalho que se encontram nos horizontes da pesquisa histórica e no ensino da disciplina Para isso, pretendemos, inicialmente, apresentar a historiografia paraibana sobre o século XIX e suas transformações ao longo do tempo, levando em consideração a ideia de Cultura Histórica e os principais espaços de produção do conhecimento histórico na Paraíba: o Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP) e as Universidades. Feito isso, pretendemos identificar os principais acervos, arquivos documentais e fontes históricas que possibilitam os estudos sobre a Paraíba nesse período, de forma a apresentar o corpo documental que os estudos sobre o século XIX costumam utilizar, suas principais características e suas formas de uso, considerando essas fontes Patrimônio Documental que merece ser preservado e valorizado. Acreditamos que a valorização do patrimônio documental – definido como o conjunto de manifestações intelectuais, científicas e artísticas que se materializaram por meio dos mais diversos suportes de registro – se apresenta como um elemento de grande significância aos estudos históricos, tendo em vista a preocupante situação de descaso com diversos patrimônios documentais em estado de risco em todo o Brasil e na própria Paraíba. O uso de documentos como fontes de pesquisa e como suportes didáticos se coloca como caminho essencial no sentido de estimular o seu uso mais contínuo e de defender a preservação de acervos dispersos e de pouca visibilidade para o grande público, sejam eles públicos ou privados. Por fim, pretendemos apresentar as possibilidades de pesquisa e ensino sobre a temática, levando em consideração a produção historiográfica mais recente e as lacunas que existem nos estudos sobre o século XIX na Paraíba. Acreditamos que esse minicurso deve auxiliar aqueles que buscam almejar pesquisas sobre a Paraíba Oitocentista nas suas produções acadêmicas e/ou na docência e também aqueles que desejam ampliar os seus conhecimentos a respeito da temática.

Minicurso 08 - NEOLIBERALISMO, NECROPOLÍTICA E A CRISE DA DEMOCRACIA: o Brasil entre o golpe de 2016 e o governo Bolsonaro

(Profa. Dra. Monique Cittadino / Prof. Dr. José Jonas Duarte da Costa)

O golpe de 2016, ao promover a deposição da Presidenta eleita Dilma Roussef, encerrando a experiência de governo do Partido dos Trabalhadores, inaugura uma fase na política brasileira marcada pelo avanço sem limites da política neoliberal, pelos sucessivos ataques à democracia e pelo advento da necropolítica (Mbembe, 2018) como política de estado, a partir do resultado das eleições de 2018. Tal conjuntura múltipla e complexa é o objeto central das discussões do presente Minicurso. Nos encontros programados, pretendemos debater os seguintes pontos: 1. Geopolítica, interesses internacionais e classes sociais na articulação do golpe de 2016. Neste primeiro encontro pretendemos analisar como a recente e inovadora inserção do Brasil no contexto internacional está na raiz do golpe efetivado no país; ainda, buscaremos caracterizar o movimento que afastou o Partido dos Trabalhadores da presidência da República como um golpe de classes sociais, com forte viés racista e sexista, que galvanizou múltiplos atores sociais, políticos e econômicos incomodados com os avanços populares ocorridos nos últimos anos e no qual a ideologia conservadora e de recorte fascista encontra ressonância em importantes segmentos das elites e das classes médias. 2. Governo Temer: a Ponte para o Futuro, as reformas constitucionais e o avanço das políticas neoliberais. Neste segundo encontro serão examinadas as bases para o desmonte da experiência desenvolvimentista petista; a implementação pelo governo Michel Temer das políticas econômicas neoliberais através da PEC do Teto dos Gastos e da Reforma Trabalhista e as repercussões sociais das medidas adotadas. 3. Dilemas da democracia e a Necropolítica: neste terceiro encontro pretendemos discutir o avanço dos ataques à democracia no Brasil a partir dos resultados das eleições de 2018, caracterizadas pelo protagonismo do discurso do ódio, do combate e da eliminação de opositores e, na sua esteira, a emergência da chamada necropolítica. Os pilares de tais discursos, proferidos por candidatos vitoriosos nos pleitos eleitorais, seja a nível estadual, a exemplo do governador Wilson Witzel, seja a nível federal, na figura de Jair Bolsonaro, concretizaram-se a partir das diversas novas medidas adotadas por tais governantes, em uma demonstração da clara associação entre o neoliberalismo e a necropolítica, o que também se configura em objeto das nossas discussões.

Minicurso 09 - FEMINISMO E CAPITALISMO: Uma Interpretação Marxista

(Prof. Dr. Glaudionor Gomes Barbosa / Profa. Ma. Camila Nadedja Teixeira Barbosa)

O minicurso se concentra nas teorias feministas marxistas do capitalismo, com foco principal sobre a teoria do trabalho e reprodução social. Buscaremos analisar como o feminismo materialista avançou na crítica marxista da separação da "economia" das outras esferas da vida, ideologias e formas de opressão. Para tal, será abordada a noção marxista de exploração, entendendo o conceito não apenas como econômico, mas também relacionado à produção de diversas desigualdades e privilégios.

Minicurso 10 - TRABALHO E TRABALHADORAS/ES NO BRASIL: perspectivas contemporâneas da historiografia brasileira

(Profa. Dra. Ana Beatriz Ribeiro Barros Silva / Prof. Dr. Tiago Bernardon de Oliveira)

Este minicurso tem por objetivo apresentar uma sistematização introdutória acerca da historiografia brasileira sobre trabalho e trabalhadoras/es no Brasil, apontando para suas origens, principais perspectivas teórico-metodológicas e fontes de pesquisa, com vistas a incentivar, especialmente, estudantes de graduação a perceberem a centralidade das relações sociais de trabalho para a compreensão do mundo contemporâneo. Para tanto, este minicurso pretende abordar os desafios impostos para as pesquisas atuais, visando abarcar a interseccionalidade das questões de classe com as de raça, gênero, sexualidade, fatores geracionais, regionais, etc., em meio ao avanço do capitalismo. O minicurso deverá abarcar os seguintes temas: a) o trabalho na sociedade capitalista; b) a história da classe trabalhadora como contingência das organizações de classe; c) os primórdios da historiografia acadêmica sobre o movimento operário no Brasil; d) marcos a serem superados – história da escravidão X história dos trabalhadores na República; trabalho rural X trabalho urbano; Estado e classe trabalhadora pré e pós-1930; e) condições de vida e de trabalho, Estado e classes sociais: é possível uma história política sem compreender a luta de classes?; f) classe trabalhadora, gênero, sexo e raça: existe unidade em meio à diversidade?

Minicurso 11 - FALA SERTANEJA: vivências e interseccionalidades na pesquisa e no ensino de história

(Profa. Dra. Ana Maria Veiga)

A proposta deste minicurso é promover a discussão sobre possíveis práticas a serem desenvolvidas tanto em sala de aula como na produção de material didático para o ensino de história. Ela dialoga com as investigações e práticas audiovisuais do grupo de pesquisa “ProjetAH – História das mulheres, gênero, imagens, sertões”, vinculado ao Departamento de História e ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba. Para tanto, buscaremos refletir sobre a exploração de teorias em seu entrelaçamento com os desafios enfrentados por historiadores/as–professores/as em suas práticas de ensino, ao se depararem com sujeitos multiplamente atravessados por questões sociais de opressão e práticas excludentes, que são potencializadas na distância dos grandes centros de produção e difusão do conhecimento científico. Pensar até que ponto esse conhecimento se volta para sujeitos tidos como periféricos, suas realidades e vivências, e para a diminuição das diferenças sociais também é nosso objetivo, além de estimular a criatividade e a proposição de ações que tornem efetivas as trocas de saberes e o acolhimento de sujeitos em situação de margem na ampla arena das práticas historiográficas e de ensino de história. Entendemos, igualmente, o lugar dos e das docentes de história como historiadores/as, que produzem conhecimento juntamente com alunos e alunas, no próprio momento em que a aula, com suas trocas de saberes, acontece. A primeira parte do minicurso será voltada à discussão teórica, ao diálogo sobre hegemonias e possibilidades epistêmicas no campo da história, visando a uma reflexão sobre problemas contemporâneos encontrados nas práticas de ensino e sobre como superar o suposto afastamento entre teoria e ensino de história. A segunda parte será dirigida a pensar possibilidades de se envolver práticas audiovisuais no ensino e na produção de material didático complementar para a área de história.

Minicurso 12 - “IMAGENS CRISTALIZADAS E VIAGENS DE VOLTA: Indigenismo, História e Historiografia indígena”

(Prof. Me. Daniel Santana Leite da Silva)

Nas últimas décadas, a temática indígena vem ganhando força na História e na historiografia brasileira em toda a sua dimensão temporal, presente desde o período colonial até o republicano. Dentro deste recente processo, o indígena deixou de ser considerado um sujeito passivo de história e na história e passou a integrar-se como um dos protagonistas atuantes na construção da história (inter)nacional. Recentemente, as lutas sociais dos índios pelo reconhecimento legal de direitos específicos e pelo respeito à diversidade sociocultural conduziram o Estado a uma regulamentação do Ensino da História e da Cultura Indígena, ainda que o presente retrocesso galopante ameace essa (re)construção física e imaterial de suas memórias coletivas. Diante desta realidade, este minicurso propõe construir um debate acerca das abordagens da História e historiografia dos povos indígenas, apresentando historicamente como certas imagens cristalizadas sobre eles foram construídas, bem como discutir e destacar alguns aspectos do indigenismo, precisamente discutir sobre o conceito de 'etnogênese' como um dispositivo de luta pela memória e direitos originários.

Minicurso 13 - PESQUISA EM ARQUIVO: orientações, dicas e sugestões

(Prof. Dr. Thiago Mourelle)

O objetivo deste minicurso é oferecer aos inscritos informações sobre como efetuarem suas pesquisas acadêmicas em um arquivo. Como pesquisador do Arquivo Nacional desde 2006, supervisor da Equipe de Pesquisa na mesma instituição e doutor em História, o professor pretende passar para os alunos a sua experiência, mostrando dificuldades com as quais podemos nos deparar, soluções possíveis e orientações sobre qual deve ser o procedimento do pesquisador, de modo a facilitar suas investigações e atingir seus objetivos finais. A proposta também irá mostrar para os inscritos as possibilidades de pesquisa online e sites confiáveis para a pesquisa histórica, dando especial destaque aos do Arquivo Nacional, que podem ser utilizados pelos professores na sala de aula, seja no Ensino Básico ou no Ensino Superior. Ao final, serão oferecidas possibilidades de pesquisa no acervo do Arquivo Nacional, apresentando documentos e fundos pouco utilizados pelos historiadores e que podem gerar ideias para a realização de monografias, dissertações e teses, muitos podendo ser consultados online. O curso será ministrado em linguagem adequada ao grande público e o público-alvo é extenso: graduandos, graduados, pós-graduados, professores, pesquisadores e todos mais que quiserem participar e aprender sobre o assunto.

Minicurso 14 - FASCISMO: História e Historiografia

(Prof. Dr. Eltern Vale)

Este minicurso visa discutir o fascismo, sua experiência histórica e produção historiográfica. Assim, seu eixo se concentrará nesta perspectiva. Abordando conteúdos amplos, serão apreciados ao longo do curso os seguintes temas, a saber: 1. Conceituando o Fascismo: entre a historiografia militante e acadêmica; 2. A Itália entre 1860 a 1922: leituras de contextualização histórica; 3. O Fascismo Italiano; 4. Fascismo e Classe Operária; 5. Leituras psicológicas sobre o Fascismo; 6. Interpretações militantes: a resistência ao Fascismo; 7. A experiência alemã: o nazismo; 8. Fascismo para além da Europa Ocidental: o caso do Japão; 9. Combates ao fascismo: lições e pedagogia política; 10. Integralismo, Antissemitismo e Neofascismo: algumas reflexões à luz brasiliana. Em diálogo do presente com o passado e vice versa, portanto, este curso parte da possibilidade do entendimento do fascismo, sua ascensão e significados em variadas experiências.
Metodologicamente, o minicurso terá como suporte amplo material didático: uso de bibliografia específica e complementar; documentos e fontes históricas; trechos de filmes/documentários/músicas.

Minicurso 15 - ABORDAGENS GAMIFICADAS NO ENSINO DE HISTÓRIA: teoria e prática

(Profa. Ma. Keliene Christina da Silva Silva)

As constantes mudanças nos meios de comunicação e nas formas de se relacionar ingressam com intensidade no ambiente escolar, tornando o trabalho docente desafiador e demandando uma atenção especial a essa realidade que se remodela rapidamente. Os obstáculos são cada vez maiores no campo da Educação, pedindo dos professores uma disposição em se reconstruírem constantemente. Uma das práticas de ensino que vem ganhando espaço recentemente é a gamificação, o uso de jogos e do pensamento gamer na sala de aula. Surgida no campo do marketing, e usada com muita frequência nos cursos de formação em empresas, como motivação para os funcionários, esta prática tem alcançado resultados positivos quando transposta para a sala de aula, uma vez que, além de estimular os estudantes através de dispositivos alternativos e multimodais, este método prioriza os aspectos qualitativos sobre os quantitativos, ampliando as possibilidades de avaliação para o professor. Através do uso de jogos é possível, por exemplo, converter o smartphone de inimigo a aliado nas aulas, pois a quantidade de aplicativos e jogos que podem ser utilizados para o ensino é grande. O minicurso abordará a gamificação na sua dimensão educativa, o uso desse pensamento gamer na sala de aula e suas potencialidades para o ensino de história, tendo como foco das discussões o conhecimento desta metodologia, seus diálogos com outras disciplinas e seu caráter multimodal, e a exposição de algumas possibilidades de uso da mesma através do compartilhamento de experiências pedagógicas.

Minicurso 16 - HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E HISTÓRIA: contribuições à pesquisa e ao Ensino

(Prof. Me. Márcio dos Santos Rodrigues)

O minicurso tem como objetivo refletir acerca dos pressupostos teórico-metodológicos para a utilização das histórias em quadrinhos como fonte documental, no sentido de ampliar o universo da pesquisa acadêmica e da construção do conhecimento histórico nos Ensino fundamental e médio. Buscamos oferecer instrumental para que professores de História, pesquisadores e demais interessados possam analisar aspectos da linguagem dos quadrinhos e particularidades históricas de produções quadrinísticas. Para tanto, analisamos os quadrinhos não somente como suporte de ideias e valores, mas como prática cultural e/ou resultado de um terreno de disputa e negociação em torno de questões socialmente vivas, pertencentes a determinados contextos socioculturais. Esperamos, deste modo, compreender as relações existentes entre os quadrinhos, com sua linguagem própria, sua narrativa, e o campo da pesquisa e do ensino de História.

Minicurso 17 - O GOVERNO VARGAS E SEUS PROJETOS POLÍTICOS-CULTURAIS: as cartas do povo ao presidente

(Prof. Dr. André Fraga / Profa. Ma. Mayra Coan Lago)

O minicurso tem como objetivo apresentar aos participantes e analisar com eles um conjunto documental riquíssimo e de extrema importância para se compreender não apenas as produções político-culturais desenvolvidos pelo primeiro governo Vargas (1930-1945), mas principalmente a recepção que lhes foi conferida pela população: as milhares de cartas enviadas ao presidente da República por diferentes grupos ou indivíduos da sociedade. Elas atualmente estão depositadas no Arquivo Nacional, mais especificamente no fundo Gabinete Civil da Presidência da República. Tais missivas originalmente haviam sido recebidas pela Secretaria da Presidência da República (SPR). Este órgão, instituído em 1930 e diretamente vinculado a Vargas, era responsável por toda a correspondência endereçada ao chefe de Estado, das classes mais abastadas às mais humildes. Transformava as cartas em processos administrativos, enviava-os aos órgãos estatais que pudessem dar um parecer sobre o caso e, em seguida, mandava uma resposta ao remetente, atendendo ou não à demanda requerida. A proposta do minicurso está estruturada em duas partes. Na primeira, expositiva, apresentaremos um panorama geral sobre as transformações políticas, econômicas e culturais ocorridas ao longo dos quinze anos em que Getúlio Vargas ocupou o cargo de presidente da República. Sendo assim, pretendemos familiarizar os cursistas com os principais projetos estatais desenvolvidos no período e com as diretrizes do Estado Novo. Na segunda parte, faremos uma dinâmica prática com a turma, para os alunos compreenderem como as cartas são fontes privilegiadas para acessarmos a recepção da população a esse projeto governamental. Para isso, entregaremos aos participantes cópias de cartas endereçadas a Vargas. Eles analisarão as missivas obtidas, procurando compreender, entre outros aspectos, de que estado a carta foi remetida, nome e profissão do remetente, de que maneira o missivista se refere a Getúlio Vargas, como o presidente é descrito/caracterizado ao longo da carta, qual é a motivação da missiva, se há a incorporação de algum elemento do discurso/da ideologia do regime para fortalecer o pedido apresentado ao chefe de Estado e qual é a resposta (solução) do governo para a demanda inserida na carta. Em seguida, os cursistas compartilharão entre eles as impressões sobre os casos presentes nas missivas lidas.

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